PRÓLOGO
Após se terem arrumadas todas as coisas na noite anterior, e andar até às duas da manhã a falar pelo msn com o Artur e a tentar meter músicas nos vários mp3’s que haviam cá em casa lá nos fomos deitar, a ansiedade era muita, pois ainda estávamos na dúvida se iríamos apanhar chuva ou não, coisa nova para mim, cuja experiência era (ainda é) muito pouca em longas tiradas de mota.
Este era o aspecto da "coisa" já com as malas feitas, isto eram só os extras da parafernália electrónica que ia num saco à parte !
Dia 1
Acordámos então eram aí umas 8 da manhã, já com tudo pronto (pensávamos nós) da noite anterior, toca a despachar e tal e coisa que ainda temos muitos km’s pela frente e não sabemos como é que nos vamos safar.
Aberta que foi a janela e logo o primeiro sobressalto, o tempo estava nubladíssimo e ameaçava desatar a chover a qualquer momento, “bom, lá vamos ter de estrear os fatos de chuva do lidl”, quando acabámos de despachar e reverificar se tínhamos tudo nas geleiras, perdão, nas malas, fomos para a garagem.
“Porra, então e se chover como é que fazemos com o GPS?” nada que um saco de plástico não resolvesse, aliás, aprendi mesmo que neste tipo de viagens os sacos de plástico são umas excelentes botas de protecção para a chuva J
9:55 a mota saiu finalmente da garagem, carregada, comigo e a Patrícia prontos para a nossa maior aventura de sempre.
Ligámos ao Artur e à Lina a dizer que íamos sair de casa ao que eles nos responderam "epá, estamos a decidir se vamos ou não porque está uma chuvada do caraças aqui em Lisboa pah, até fazem trovões!"
Enfim, estes "meninos" das Varaderos... eheheheh
Um pequeno aparte para dizer que não podia ter escolhido melhor companhia para esta aventura, e só para op caso de me esquecer de no fim dizer isto, aqui fica já "ditzido" - Lina e Artur : Muito obrigado pela vossa companhia e boa disposição
Fecha-se o portão da garagem meto a primeira e…. começa a chover !!!! “esta viagem vai ser abençoada digo eu à patrícia pelos
intercomunicadores”, “sim, é sinal que tudo vai correr bem !”, é a resposta que oiço pelos intercomunicadores. Aqui tenho de fazer uma pequena paragem para agradecer à “minha gaija”, pois é de facto um poço de energia para mim, bem o provou nesta viagem !!
Obrigado Patrícia !!!
(pois é malta, o natal tá quase aí e eu tenho já de começar a engraxar!!)
ehehe
Entrámos na Via do Infante e já chovia bem, decidi parar na estação de serviço de Olhão e já a fita (com que tinha ajudado a prender as malas aos suportes para o caso de alguma coisa falhar) estava rasgada, pois tinha ficado uma parte na direcção da saída de ar do escape !!!
“Fixe, vou mesmo ficar sem malas pelo caminho!!! “ Decidi apertar só uma mala durante o resto do caminho. A paragem durou poucos minutos, foi só mesmo para vermos como nos estávamos a adaptar, até ali tudo bem.
Seguimos caminho…
Saímos do Algarve e do outro lado da ponte do Guadiana chovia “como no Norte de Portugal”, chuva da pesada, olhei para o GPS, "embalado” num saco de plástico transparente, pareceu-me estar razoavelmente protegido no seu “preservativo”, rodei o punho e seguimos em frente.
Passados uns minutos surge uma bomba de gasolina e decidi parar, para ver como estavam as coisas, metemos gasolina, e decidimos calçar as botas de protecção para a chuva aka Sacos de Plásticos.
último modelo de protecções para a chuva para os pés !
Ainda na estação de serviço parou um casal, cada um na sua V-Strom, a dela cor-de-rosa e com um GPS dentro de uma caixa estanque e a seguir o respectivo companheiro, na sua V-Strom, preta, ambos completamente equipados, com botas, calças, casacos, luvas, intercomunicadores, etc etrc, só lhes faltava a mota em condições !
Eles devem ter pensado, “coitadinhos dos Tugas, com sacos de plástico nos pés e no GPS e tal” e eu pensei “coitadinhos dos Espanhóis, fuderam o dinheiro todo em equipamento e não tiveram depois para comprar umas motas!”
Atestados que ficaram os depósitos e lá seguiram eles a viagem, eu ainda estava a apertas os cordões das protecções de chuva para os pés,, ou seja, passar o elástico do fato do lidl por fora dos sacos de plástico.
Estávamos a ver que estávamos a parar muitas vezes e assim ia ser complicado fazer a viagem em condições, nesta altura devo confessar que por breves instantes pensei, calmamente, “mas o que é que eu fui fazer ?!?!?!?!, onde é que tinha a cabeça quando decidi fazer isto sem qualquer experiência prévia numa viagem de mota de mais de 250km’s, ainda por cima esta merda parece o Norte de Portugal, a chuva não para”, mas virei-me para a Patrícia e disse, “então ã, esta chuvinha merdosa não acaba ã?”, com a cara mais
tranquila possível, ela, que já me conhece, percebeu perfeitamente que tava todo borrado e disse ”não te preocupes, vai correr tudo bem!”
Esta minha gaija é, de facto, uma grande gaija !!! (estes elogios todos é para ver se me escapo à compra do anel).
Dali até Mérida apenas fomos parando para atestar o depósito, entretanto a chuva abrandou um pouco após Sevilha e a estrada parecia a A2 na primavera, um carro ou outro de quando a quando, plana, em boas condições, uma viagem agradável para se ir ouvindo música.
Apenas uma ressalva, em Espanha, aparentemente, quando a AE não é paga, que foi a maior parte da viagem, não existem Estações de Serviço como as conhecemos em Portugal, há saídas para pequenas localidades, onde aí sim, existem bombas de gasolina, que simultaneamente servem para a população da localidade, como para a malta que vai a circular na AE, muitas das vezes temos
indicação de saída para área de “servícios”, mas depois quando chegamos ao primeiro cruzamento não existe mais nenhuma indicação para as bombas de gasolina, isto aconteceu-me mais do que uma vez…
Chegamos a Mérida e saco do telemóvel, estava sem rede, “porreiro”, vou ver as definições e descubro que não tinha colocado a escolha de rede em automático, faço uma nova procura de redes, escolho uma e assim que apanho sinal entra uma chamada do camafeu “então pah, tudo bem ? o Artur tá em Mérida e diz que não consegue falar ctg!”
Depois de me explicar e dizer o que se tinha passado com o telemóvel ligo para o Artur, que me disse a rua onde ele se encontrava, “foi só” colocar no GPS e seguimos caminho por mais um par de km’s.
Uma da tarde, horas Portuguesas, e já estávamos todos juntos para almoçar.
Aí uns 15/16 “bocadillos” depois apontámos as motas em direcção a Madrid.
O resto da viagem foi-se fazendo a um bom ritmo, a TA fez a viagem tranquilamente a velocidades entre os 130 e 140 km’s (medidos no GPS), apenas íamos parando de hora a hora para eu esperar que a Varadero chegasse ,atestar, esticar as pernas, dar duas de treta, o Artur e a Lina dançarem, e lá seguíamos viagem.
O preço da gasolina em Espanha faz com que não nos importemos de ir um pouco mais depressa, sem receio de gastar mais um litro ou
dois de gasosa, pois a comprar Gasolina sem chumbo 95 octanas a 1.003, é de facto muito bom !!!
Gasolina 95 a 1.003€!!!!
Chegámos ao Íbis em Fuenlabrada por volta das 21, horas locais, check in feito, malas arrumadas nos quartos, e descemos para irmos jantar. O Artur, no seu mais fluente Espanhol, pergunta indicações para um restaurante ali perto que ainda servisse refeições aquelas horas, já eram perto das 22 horas, ao que nos indicaram o Alexandre, logo “ali numa das rotundas a seguir”.
Arrancámos !
Chegados ao parque de estacionamento as mulheres desmontaram e foram para o restaurante e os machos ficaram a trancar as motas e tal e coisa e a falar da aventura do dia que estava a terminar.
Quando entramos no restaurante já as madames estavam sentadas numa mesa, onde havia aí uns 17 garfos e colheres de um lado, e umas 12 facas do lado direito do prato, haviam mais copos junto a cada prato do que eu tenho na minha casa toda !!!
Eu, como infelizmente sou um roto, olhei para quilo e pensei “Pronto, vou fazer amor com uns 100€ para comermos amostras de comida !”
Sentei-me, o Pierre, (o garçon só podia ter aquele nome de certeza, pois estava todo empiriquitado) veio entregar o menu, perdão, o cardápio, nestes sítios apaneleirados é cardápio e não menu ou carta, os meus olhos quase que saltavam da órbita, olhei para as pastas que estavam na mesa, e assim de cabeça, fiz as contas só Às entradas, devia dar quase 100€ !
Olhei para o Artur e para a Lina e disse “vamos ser sodomizados !” (naqueles sítios finos não podemos dizer que somos enrabados),
sugeri agradecer ao senhor, explicar que eras Portugueses e não tínhamos dinheiro para pagar aquilo, agradecer e bazarmos para irmos comer noutro lado qualquer.
A moção foi aprovada de imediato, pois estamos todos a pensar o mesmo, (meu rico cuzinho), agradecemos, explicámos que foi um engano estarmos ali e fugimos, cof cof, quer dizer, saímos do restaurante!
Cá fora começa a pingar… e nós sem os fatos de chuva. Andámos uns 4 km’s às voltas até conseguirmos atinar com o caminho de volta ao hotel, que estava ali a 1000 metros, e fomos jantar ao restaurante do Íbis, por 12.5€, menu completo e ainda nos ofereceram umas entradas bem fixes para irmos picando, pois os pratos estavam atrasados.
No dia seguinte iríamos fazer Madrid – Barcelona e por isso
fomos dormir cedo…
RainMaker
Itinerário do primeiro dia - 700 km's
Ver mapa maior
Ver mapa maior
Última edição por RainMaker em Sex 03 Jul 2009, 09:02, editado 2 vez(es)