Rui Tavares Qua 15 Jul 2009, 20:55
Velas Aka "A Saga".
Quem me conhece sabes que mantenho com as velas uma relação de amor-ódio.
Já me queimei com velas na Igreja mas não deixei de as oferecer.
Derreto as velas dos bolos de aniversário até ao bolo, mas não deixo de fazer anos por isso.
Embirro em usar as velas que acho correctas em vez das recomendadas.
Acho que um motor que anda mal é sempre por causa das ditas.
Enfim, histórias.
Assim decidi deitar mãos à obra e trocas as velas de uma 600V.
Compra-las foi o mais fácil, agora para as mudar foi outra conversa.
Começa pelo facto de uma dois cilindros levar quatro velas o que me obrigou a ir à oficina duas vezes e continua pela dificuldade em encontrar uma chave de velas do tamanho correcto, pois apenas encontrei com facilidade os tamanhos de 21 e de 16. Ora as velas da TA usam uma chave 18. Usei assim uma chave de tubos normal e troquei sem dificuldade duas das velas.
Para as outras duas faz falta um guia:
-Reunam uma lanterna, as velas claro, um alicate de pontas, uma chave 14, uma chave philips, uma chave de tubos 18, um pedaço de papel e mais paciência do que aquela que precisam para aturar o adolescente lá de casa. Haverá quem faça também uma reza nesta altura, mas isso fica de acordo com as crenças de cada um.
Com a chave philips desmontem a carenagem do lado esquerdo e tentem tira-la com as Crash-Bars montadas praguejando apenas duas vezes por minuto.
-Retirada a carenagem lamentem-se dos arranhões e soltem a lampada do pisca pra evitar o continuar das asneiras.
-Desmontem os 3 parafusos do radiador (Sim, não estou a gozar, radiador!) e desloquem-no para fora até um pouco antes de arrancarem os tubos de água.
-Retirem o cachimbo e por esta altura já têm pelo menos dois dedos com cortes. (Podem praguejar mais um pouco agora, alivia)
-Insiram a chave de tubos que só fica bem encaixada lá pela décima tentativa e depois tentem roda-la, lembrando-se de que aquela vela já não sai dali há uns tempos.
-Depois de desapertada contem com uma horita para a conseguir pescar e isto se tiverem uma lanterna e um bom alicate de pontas. Não é fácil.
-Não atirem a nova lá para dentro! Encaixem-na na chave de tubos com um pouco de papel a prender. Rodem com o cuidado habitual e trilhem os dedos mais uma vez ou duas.
-Reponham o cachimbo e sentem-se a descansar amaldiçoando a hora em que decidiram não entregar o trabalho a uma oficina.
-Passem ao outro lado da mota e constatem que para chegar à vela que falta têm de desmontar a tampa lateral da mota, o assento e... o depósito!! Sim o depósito, e só vão reparar que se esqueceram de tirar o tubo da gasolina ou pelo menos fechar a torneira depois de ele ter tombado para a esquerda e derramado gasolina por todo o lado. Com a pressa vão querer pousa-lo rápidamente e ou vão escolher um chão de cimento que o vai arranhar todo, ou o pousam em cima do assento já desmontado de forma a que alguma da gasolina pingue lá de forma a posteriormente passar para as vossas calças.
-Depois da vela anterior, esta é canja. Basta "enfiar" a chave de velas, rodar trilhando os dedos apenas uma vez, tirar a vela velha com o mesmo alicate de à pouco e usando outro papelinho para a prender na chave de tubos, apertar a nova.
-Se ainda tiverem paciência e se a vossa filha ainda não tiver telefonado 20 vezes para a irem buscar, recoloquem a metade da mota que desmontaram. Caso contrário lavem as mão e pensem numa boa desculpa para não terem de terminar amanhã, por exemplo: e se eu aproveitasse e mudasse o óleo? Assim sempre adiam descobrir que moeram vários parafusos e que metade deles foram para o Céu dos parafusos que é o sítio para onde desaparecem as peças que não conhecemos bem.
-Lavem as mãos e "lambam" as feridas.
Abraço