De Sousa escreveu: TodayAdventure escreveu:Prezado Dr. De Fax De Sousa (espero que o "Prezado" não incomode o Doutor),
Congratulo-me com o seu recente diploma que vem somar-se a um grande número de outros diplomas, de ilustres personagens lusas, obtidos ao Domingo. Personificam o trabalho árduo, que nem no dia Santo interrompem. Quem sabe, ainda veremos o Doutor como ministro! E se assim for, poderei orgulhosamente dizer mais tarde que conheço Bosselência desta rodada de amigos.
Prezado Doutor: aproveitando as borlas que o sôtor está amavelmente a conceder, neste seu início de carreira, gostaria de lhe colocar uma questão que me vem atormentando há largos meses, na esperança de que possa iluminar-me acerca das razões deste meu problema que, já não hesito em dizê-lo, assume contornos de enfermidade.
Sempre gostei de motos, Doutor. Percorri a Europa várias vezes em várias motos, fazendo muitas dezenas de milhares de quilómetros, com eles (*) bem aquecidos por potentes motores com vários cilindros (uns em linha, outros em V...). Até aqui tudo bem, Doutor. Acontece que ao virar os quarenta, adquiri uma pequena carapaça de plástico com um pequeno motor de 4 cavalos, normalmente utilizado por velhinhas nas compras, como primeira moto para as adolescentes ou como veículo de entrega de pizzas por estafetas fracassados e com medo de velocidades. Foi na garupa deste... por assim dizer, veículo... que desatei a percorrer os mais tresloucados destinos. Cada Verão desde há três anos, Doutor, passo muitas horas em cima dela. São muitos e muitos quilómetros de loucura. Já abracei uma vez esta coisa... quero dizer, este veículo, Doutor. Sendo solteiro, sinto-me cada vez mais assustado com uma possível patologia... Será algum tipo de motofilia, a doença de que padeço? A senhora que me vendeu esta moto disse-me que ficava muito bem como moto de menina e que a minha filha iria gostar. Logo eu, Doutor, que nunca conheci a experiência da paternidade...
Estou preocupado, Doutor. Ainda hoje andei muitas horas nela e só penso no próximo Verão e nas coisas que ela me levará a ver. Parece que tenho o diabo no corpo! Preciso da sua ajuda e estou disponível para ser submetido a um exorcismo se assim o Doutor entender necessário.
Agradeço antecipadamente a atenção. Um grande bem haja por em boa hora ter aparecido nesta comunidade para ajudar pessoas com problemas como eu. Fico na convicção de que só um especialista altamente especializado com o Doutor, nesta difícil ciência da psicologia dos motards, poderá ajudar-me. Obrigados!
José Paulo.
(*) eles = testículos
Sr zé Paulo, pelo que me apercebo, o Sr. tem diversas questões, e vvou tentar responder a todas.
1º relativamente a afirmar que tem problemas com as motas, eu questiono se mora no rés do chão... assim pode levar a mota para o seu quarto!!!
2º relativamente ao facto de não ter filhos, como passou muito tempo com eles aquecidos, aconselho a consultar-me daqui a dois domingos ( quando tiver o diploma de urologista), uma vez que julgo tratar-se da célebre patologia denominada " Camionistius Murchus" patologia internacionalmente conhecida pelo facto de também os camionistas, andarem com "eles" muito tempo aquecidos!!!
Terapia: Largar a tupperware de 4 cavalos e continuar com eles aquecidos, porque o que não tem remédio, remediado está!!!
Ilustre Doutor Dr. De Fax De Sousa (Doutor em Psicologia e em breve de Urologia),
Começo por um enorme agradecimento a Bosselência, pela atenção e sábios conselhos, que em nada a juventude do diploma de Bosselência diminuem.
Contudo Doutor, permita-me (se tal não representar para Bosselência, abuso da minha parte), assinalar que não são os meus dois companheiros (*) nem a minha condição de macho que nunca foi pai, que me preocupam. Sei bem, tal como Bosselência, que aquecê-los é um ancestralmente conhecido método contraceptivo masculino usado pelos árabes que os (**) sentavam nas areias quentes do deserto para não procriarem a torto e a direito...
A minha inquietação é mesmo esta suspeita de motofilia, este desejo compulsivo de abalar mundo fora, montado nesta carcaça de plástico de quatro cavalos que me atormenta a alma. E a terapia que sugere, Doutor... impossível de seguir.
É como se aconselhasse um fumador de 2 maços diários a deixar o vício de um dia para o outro. Se ao menos me receitasse um motocalmante ou um anti-motofílico, Doutor, podia ser que isto acalmasse...
Enfim, quanto a 1), a resposta a Bosselência é que eu moro num terceiro andar, a uma distância considerável da garagem, que fica na cave. Acontece que, não sei bem como, e até me envergonho que confessar isto ao Doutor, neste prédio com elevador eu e o diabo do
tupperware (como respeitosamente o Doutor lhe chama) acabamos algo amiúde no meu quarto. Confessar isto já me envergonha o suficiente, não me obrigue o Doutor a apresentar provas fotográficas destes acontecimentos trágicos...
Como vê, Doutor, o caso é grave. Rogo-lhe que me faça um exorcismo, qualquer coisa, pois estou convencido que isto é obra do demo. Já pedi ajuda à revista feminina Maria, onde também dão consultas online - certamente os seus concorrentes, mas não tão especializados na problemática motarde como o Sotôr - mas eles não me levaram a sério e dizem que o meu caso é muito estranho.
Estou desesperado! Ajude-me Doutor!
José Paulo.
(*) dois companheiros = testículos
(**) os = testículos