Aqui continua o texto sobre a minha viagem à Irlanda e Escócia
O verde da Irlanda e da Escócia – 3 a 29/06/05 - 2ª. parte »» Escócia
No dia seguinte atravessei para a Escócia, cerca de duas horas de viagem.
» No ferry para a Escócia
Ao passar no Galloway Forest Park estive a conversar com um sujeito que me disse que o Álvaro Cunhal tinha morrido. Eu não sabia pois não ouvia notícias há vários dias e não era um assunto de primeira página.
» Galloway Forest Park
A Raider’s Road, uma estrada utilizada numa retirada após uma batalha há muitos anos, é um caminho de terra com perto de 25 quilómetros. A meio tem uma portagem de 2£.
Fui seguindo sempre até Balloch, mais a norte, e o único parque de campismo que vi não aceitava tendas e já estava outra vez a chuviscar. Tive de contornar a montanha e ir até Luss, mais uns 15 kms. Quando comecei a montar a tenda ia entrando em desespero. O parque era mesmo na margem do Loch Lomond – chamam “loch” aos lagos - e os mosquitos eram mais que muitos. Pareciam nuvens à minha volta. Foi um castigo para montar a tenda. Tive de vestir um casaco e pôr o capuz fechado só com um pequeno espaço para os olhos mas mesmo assim era impossível. Tinha de me afastar da tenda e vir a correr para despistar os mosquitos mas eles não demoravam nada a atacar. Só me apetecia berrar. Não se via ninguém fora das tendas ou roulotes. Um casal num carro fartava-se de rir ao ver-me a fugir dos mosquitos.
E para cozinhar? Nem sei quantos comi!!!
» Loch Lomond, Luss
Na manhã seguinte ao passar em Inveraray, como estava a chuviscar, ainda pensei em visitar o castelo, só que quando cheguei lá vi dois autocarros a despejar gente na entrada e desisti logo.
Fui até à península de Kintyre. As povoações junto ao mar são muito bonitas, com algumas casas pintadas de cores vivas e outras mais escuras. Dava um contraste que regalava a vista.
A margem do Loch Awe (lê-se ó) é muito bonita. A estrada é estreita e serpenteia encosta acima e abaixo no meio da verdura. De vez em quando lá se vê uma cascata com a sua água acastanhada. Por aqui todos os rios têm a água castanha, a terra é muito escura.
» Loch Awe, Crunachy
Parei em Crunachy para acampar. O recepcionista que também era o gasolineiro na bomba ao lado disse-me que havia uma máquina que chupava os mosquitos. Realmente os mosquitos eram muitos e nem um repelente que eu tinha comprado de manhã fazia nuito efeito. Já me tinham dito em Luss que na costa oeste da Escócia havia muitos mosquitos (midgs) e que na costa leste também havia, mas muito menos.
Quando saí pela manhã estava um sol radioso. Havia algumas nuvens que pareciam nascer das montanhas.
O azul do céu, a brancura das nuvens e o verde das montanhas criavam um conjunto de cores que eram uma maravilha.
A entrada nas “Highlands” pelo Glen Coe valeu a pena. É uma paisagem espectacular.
» Glen Coe
Um folheto que tinha recolhido no parque de campismo tinha informações sobre o comboio dos jacobitas que passa no viaduto de Glenfinnan e pelos cálculos que fiz daria para ver a passagem a meio da tarde. É um antigo comboio a vapor que só faz viagens para turistas. Foi neste viaduto e com este comboio que foram filmadas algumas cenas do “Hogwart Express” nos filmes do Harry Potter. Quando cheguei já havia muita gente de máquina em punho. O viaduto ficava um pouco longe. Passados uns minutos lá veio o comboio. Cheguei mesmo a tempo.
» O Comboio dos Jacobitas
Segui até ao castelo de Eilean Donan, mas já estava fechado. Foi aqui que filmaram parte de “HIGHLANDER”, Duelo Imortal.
» Castelo Eilean Donan
Acampei um pouco mais à frente, em Balmacara. Começou a chuviscar mas ainda consegui montar a tenda antes que começasse a chover mais a sério. Os mosquitos continuam mas um pouco menos.
Em Kye of Localsh, antes de ir à ilha de Skye, fui procurar uma loja para descarregar as fotos das memórias. Não encontrei nenhuma e pensei que teria de reduzir o número de fotos.
Ao início da tarde começou a chover e aproveitei para visitar o castelo de Dunvegan. É do clã MacLeod desde o século XI. Tem lá uns farrapos de uma das primeiras bandeiras do clã. Um talismã.
Ao final da tarde arranjei a descarregar as fotos. Acabei por ficar no mesmo parque em Balmacara, pois a volta à ilha durou o dia todo. Encontrei um motociclista inglês que me aconselhou a visitar a aldeia de Applecross, junto ao mar. Como não era longe da rota planeada, iria dar uma vista de olhos.
De manhã o tempo estava à boa maneira da Escócia. O céu muito carregado de nuvens e uma chuva muito fininha que de vez em quando aparecia.
Fui rolando em direcção a Applecross e o tempo amainou. Quando comecei a subir uma montanha, pois a aldeia ficava do outro lado junto ao mar, reparei que estava nevoeiro a partir de certa altura mas pensei que não seria nada de mais. Puro engano. À medida que ia subindo cada vez ficava mais cerrado e mal se via meia dúzia de metros à frente. Ia sempre com receio de que aparecesse alguém de frente, como ia aparecendo mas pouco, e eu caísse. Felizmente correu tudo bem e ao começar a descer já só pensava que se houvesse necessidade de recuar para um baía de cruzamento ia ser o cabo dos trabalhos. Por aqui há muitas estradas só com uma faixa de rodagem e de longe a longe têm um alargamento para os cruzamentos ou ultrapassagens. Quando alguém se aproxima de um outro veículo este encosta e deixa passar. Também fazia isso.
Ao nível do mar não havia nevoeiro e pude apreciar a aldeia que não me pareceu assim tão bonita como estava à espera. O regresso foi pelo mesmo caminho.
» Applecross
Na estrada para Ullapool há um miradouro sobre o vale que é fantástico. Vi no mapa e valeu a pena fazer aquele pequeno desvio. Penso que o sol que fazia me fez achar Ullappol uma cidade bonita. Mas era realmente bonita.
Continuei por ali fora até que cheguei à costa leste. O tempo continuava bom e fui até ao castelo de Dunrobin. Como sempre, cheguei depois da hora mas ainda fui dar uma volta pelos jardins que são maravilhosos. Na saída ainda vi coelhos, e não eram poucos, a correr pela erva.
Em Dornoch Firth foi o ponto mais o Norte onde acampei.
Neste dia comecei a descer em direcção a Sul. Num dos lagos vi algumas focas, pelo menos acho que eram. Se fosse no Loch Ness ainda poderia ser a famosa e esquiva Nessie.
Fui dar a volta ao Loch Ness para ver se ainda tinha uma hipótese de o monstro aparecer mas não tive essa sorte. Fort Augustus é uma cidade interessante. Parei um pouco para dar uma volta e relaxar.
No regresso vim pela montanha e aí já achei a paisagem espectacular. Viam-se espaços castanhos e verdes de vários tons pela montanha fora que até parecia um camuflado do exército.
Passei junto a uma ponte medieval muito semelhante às que temos por cá e pouco mais à frente fui ver a queda de água de Foyers que é digna de uma visita. Pouco depois passei numa pequena floresta que tinha umas cores formidáveis junto de um riacho. Era a humidade que fazia crescer aquele musgo muito verde nas árvores e mesmo o solo estava coberto de verde. Achei lindo!
Inverness é no coração da Escócia e só por isso entrei na cidade para caminhar um pouco.
» Castelo de Inverness
No parque de campismo converso um pouco com duas moças alemãs que também andavam de moto a percorrer a Escócia. O parque é agradável e até nem foi caro. Só é pena que, como quase todos, não tenha um supermercado ou até um pequeno bar para se poder beber um copo.
No final da manhã, depois de ter rolado por uma estrada agradável mas com muito movimento, fui visitar a Glenfiddich, em Dufftown. Estava na região das destilarias e não podia perder a oportunidade. Não sou um apreciador de whisky mas foi interessante conhecer esta fábrica.
» Fábrica de whisky
Vou acompanhando o rio Dee enquanto entro nas Grampian Mountains. É uma região muito bonita com os vales arredondados cobertos de erva muito verde. Não há muitas árvores.
Pensei em ficar por aqui mas não encontrei nem parque de campismo nem B&B. Tive de continuar e ir apreciando a paisagem nas calmas e sem grandes paragens pois não queria andar de noite. A passagem pelo Devil’s Elbow e logo a seguir o Glen Shee são espaços que deixam pena ter tão pouco tempo para tanta beleza.
Só em Pitlochry, arredores, encontro um parque e ainda por cima o mais caro até agora, 13.60£. Mas já estava a cair a noite!
Passei pela Queen’s View, realmente é uma vista magnífica sobre o Loch Tummel. Contornei este lago e em Aberfeldy fui visitar mais uma destilaria de whisky, a Dewar’s.
Continuei a descida pelo Loch Tay, agora com o objectivo de chegar a Edimburgo. Passei para a margem esquerda do rio Forth pois queria ir observar a Forth Bridge. É uma espectacular ponte ferroviária construída ainda no século XIX. Só foi pena estar em obras. Na ponte rodoviária sentia-se uma vibração forte quando passavam os camiões.
» Forth Bridge
Fiquei em Peebles, que é uma terra pequenina, pois a tarde já estava no fim e o parque até é jeitoso.
Nesta viagem, dentro do parque, caí pela primeira vez. Quando ia para a zona das tendas ao fazer uma curva o motor foi abaixo, pois ia muito devagar. De manhã, ainda no parque, foi outro tombo. Só que desta vez apenas a moto caiu. O vento não estava forte mas pode ter havido uma rajada e como a moto só tinha a mala do lado direito desequilibrou-se e tombou.
Tinha lido que por ali havia uns pontos com vistas interessantes pelo que segui pelo Tweed Valley até à Scott’s View. É um sítio em que o escritor, de Ivanhoe entre outros livros, Sir Walter Scott ia descansar e inspirar-se para as suas obras. Mais à frente estava imponente a estátua de William Wallace, herói escocês que lutou pela independência da Escócia.
Em Carlisle segui para a zona oeste, atravessei o Lake District National Park e desci por Windermere em direcção a Ripley, perto de Nottingham. Aqui havia o Horizons Unlimited Meeting, o encontro de viajantes onde queria participar.
Este fim-de-semana foi para descansar e ouvir umas histórias dos viajantes que têm andado por esse mundo fora, de moto. Estes encontros do Horizons Unlimited servem para conhecer muita gente e ouvir e ver apresentações de viagens que estas pessoas fazem por todo o mundo.
No domingo a seguir ao almoço, como não havia mais apresentações, segui para Epsom a sul de Londres. Fiz um pequeno desvio para ir ao Ace Café beber um copo e tirar uma foto com a moto à frente do café pois já lá tinha estado mas sem ser de moto.
» Ace Cafe London
Em Epsom fiquei em casa de um casal amigo que tinha conhecido quando estive aí a trabalhar no ano anterior. Aproveitei a segunda-feira para descansar e revisitar a cidade.
No dia seguinte começo o regresso a casa. Para vir por uma estrada diferente vou até Dover e atravesso para Calais. Ao entrar no porto deveria haver algum problema pois o barco esteve mais de uma hora parado à entrada. Quando saí para a estrada já era o início da tarde.
Fiquei antes de Le Mans e no dia seguinte continuei até casa.
Saí de manhã cedo e cheguei pelas duas da manhã.
- nestas quatro semanas andei cerca de 9.800 kms e gastei à volta de 1.500 euros (passagens de barco, gasolina, dormidas, comidas, visitas, tudo).
Espero que este relato ajude a confundir os possíveis destinos de férias!
Há sempre tempo para ir viajando, o que não se pode é adiar sempre.
A.Q
Bs.As., Março 2008
O verde da Irlanda e da Escócia – 3 a 29/06/05 - 2ª. parte »» Escócia
No dia seguinte atravessei para a Escócia, cerca de duas horas de viagem.
» No ferry para a Escócia
Ao passar no Galloway Forest Park estive a conversar com um sujeito que me disse que o Álvaro Cunhal tinha morrido. Eu não sabia pois não ouvia notícias há vários dias e não era um assunto de primeira página.
» Galloway Forest Park
A Raider’s Road, uma estrada utilizada numa retirada após uma batalha há muitos anos, é um caminho de terra com perto de 25 quilómetros. A meio tem uma portagem de 2£.
Fui seguindo sempre até Balloch, mais a norte, e o único parque de campismo que vi não aceitava tendas e já estava outra vez a chuviscar. Tive de contornar a montanha e ir até Luss, mais uns 15 kms. Quando comecei a montar a tenda ia entrando em desespero. O parque era mesmo na margem do Loch Lomond – chamam “loch” aos lagos - e os mosquitos eram mais que muitos. Pareciam nuvens à minha volta. Foi um castigo para montar a tenda. Tive de vestir um casaco e pôr o capuz fechado só com um pequeno espaço para os olhos mas mesmo assim era impossível. Tinha de me afastar da tenda e vir a correr para despistar os mosquitos mas eles não demoravam nada a atacar. Só me apetecia berrar. Não se via ninguém fora das tendas ou roulotes. Um casal num carro fartava-se de rir ao ver-me a fugir dos mosquitos.
E para cozinhar? Nem sei quantos comi!!!
» Loch Lomond, Luss
Na manhã seguinte ao passar em Inveraray, como estava a chuviscar, ainda pensei em visitar o castelo, só que quando cheguei lá vi dois autocarros a despejar gente na entrada e desisti logo.
Fui até à península de Kintyre. As povoações junto ao mar são muito bonitas, com algumas casas pintadas de cores vivas e outras mais escuras. Dava um contraste que regalava a vista.
A margem do Loch Awe (lê-se ó) é muito bonita. A estrada é estreita e serpenteia encosta acima e abaixo no meio da verdura. De vez em quando lá se vê uma cascata com a sua água acastanhada. Por aqui todos os rios têm a água castanha, a terra é muito escura.
» Loch Awe, Crunachy
Parei em Crunachy para acampar. O recepcionista que também era o gasolineiro na bomba ao lado disse-me que havia uma máquina que chupava os mosquitos. Realmente os mosquitos eram muitos e nem um repelente que eu tinha comprado de manhã fazia nuito efeito. Já me tinham dito em Luss que na costa oeste da Escócia havia muitos mosquitos (midgs) e que na costa leste também havia, mas muito menos.
Quando saí pela manhã estava um sol radioso. Havia algumas nuvens que pareciam nascer das montanhas.
O azul do céu, a brancura das nuvens e o verde das montanhas criavam um conjunto de cores que eram uma maravilha.
A entrada nas “Highlands” pelo Glen Coe valeu a pena. É uma paisagem espectacular.
» Glen Coe
Um folheto que tinha recolhido no parque de campismo tinha informações sobre o comboio dos jacobitas que passa no viaduto de Glenfinnan e pelos cálculos que fiz daria para ver a passagem a meio da tarde. É um antigo comboio a vapor que só faz viagens para turistas. Foi neste viaduto e com este comboio que foram filmadas algumas cenas do “Hogwart Express” nos filmes do Harry Potter. Quando cheguei já havia muita gente de máquina em punho. O viaduto ficava um pouco longe. Passados uns minutos lá veio o comboio. Cheguei mesmo a tempo.
» O Comboio dos Jacobitas
Segui até ao castelo de Eilean Donan, mas já estava fechado. Foi aqui que filmaram parte de “HIGHLANDER”, Duelo Imortal.
» Castelo Eilean Donan
Acampei um pouco mais à frente, em Balmacara. Começou a chuviscar mas ainda consegui montar a tenda antes que começasse a chover mais a sério. Os mosquitos continuam mas um pouco menos.
Em Kye of Localsh, antes de ir à ilha de Skye, fui procurar uma loja para descarregar as fotos das memórias. Não encontrei nenhuma e pensei que teria de reduzir o número de fotos.
Ao início da tarde começou a chover e aproveitei para visitar o castelo de Dunvegan. É do clã MacLeod desde o século XI. Tem lá uns farrapos de uma das primeiras bandeiras do clã. Um talismã.
Ao final da tarde arranjei a descarregar as fotos. Acabei por ficar no mesmo parque em Balmacara, pois a volta à ilha durou o dia todo. Encontrei um motociclista inglês que me aconselhou a visitar a aldeia de Applecross, junto ao mar. Como não era longe da rota planeada, iria dar uma vista de olhos.
De manhã o tempo estava à boa maneira da Escócia. O céu muito carregado de nuvens e uma chuva muito fininha que de vez em quando aparecia.
Fui rolando em direcção a Applecross e o tempo amainou. Quando comecei a subir uma montanha, pois a aldeia ficava do outro lado junto ao mar, reparei que estava nevoeiro a partir de certa altura mas pensei que não seria nada de mais. Puro engano. À medida que ia subindo cada vez ficava mais cerrado e mal se via meia dúzia de metros à frente. Ia sempre com receio de que aparecesse alguém de frente, como ia aparecendo mas pouco, e eu caísse. Felizmente correu tudo bem e ao começar a descer já só pensava que se houvesse necessidade de recuar para um baía de cruzamento ia ser o cabo dos trabalhos. Por aqui há muitas estradas só com uma faixa de rodagem e de longe a longe têm um alargamento para os cruzamentos ou ultrapassagens. Quando alguém se aproxima de um outro veículo este encosta e deixa passar. Também fazia isso.
Ao nível do mar não havia nevoeiro e pude apreciar a aldeia que não me pareceu assim tão bonita como estava à espera. O regresso foi pelo mesmo caminho.
» Applecross
Na estrada para Ullapool há um miradouro sobre o vale que é fantástico. Vi no mapa e valeu a pena fazer aquele pequeno desvio. Penso que o sol que fazia me fez achar Ullappol uma cidade bonita. Mas era realmente bonita.
Continuei por ali fora até que cheguei à costa leste. O tempo continuava bom e fui até ao castelo de Dunrobin. Como sempre, cheguei depois da hora mas ainda fui dar uma volta pelos jardins que são maravilhosos. Na saída ainda vi coelhos, e não eram poucos, a correr pela erva.
Em Dornoch Firth foi o ponto mais o Norte onde acampei.
Neste dia comecei a descer em direcção a Sul. Num dos lagos vi algumas focas, pelo menos acho que eram. Se fosse no Loch Ness ainda poderia ser a famosa e esquiva Nessie.
Fui dar a volta ao Loch Ness para ver se ainda tinha uma hipótese de o monstro aparecer mas não tive essa sorte. Fort Augustus é uma cidade interessante. Parei um pouco para dar uma volta e relaxar.
No regresso vim pela montanha e aí já achei a paisagem espectacular. Viam-se espaços castanhos e verdes de vários tons pela montanha fora que até parecia um camuflado do exército.
Passei junto a uma ponte medieval muito semelhante às que temos por cá e pouco mais à frente fui ver a queda de água de Foyers que é digna de uma visita. Pouco depois passei numa pequena floresta que tinha umas cores formidáveis junto de um riacho. Era a humidade que fazia crescer aquele musgo muito verde nas árvores e mesmo o solo estava coberto de verde. Achei lindo!
Inverness é no coração da Escócia e só por isso entrei na cidade para caminhar um pouco.
» Castelo de Inverness
No parque de campismo converso um pouco com duas moças alemãs que também andavam de moto a percorrer a Escócia. O parque é agradável e até nem foi caro. Só é pena que, como quase todos, não tenha um supermercado ou até um pequeno bar para se poder beber um copo.
No final da manhã, depois de ter rolado por uma estrada agradável mas com muito movimento, fui visitar a Glenfiddich, em Dufftown. Estava na região das destilarias e não podia perder a oportunidade. Não sou um apreciador de whisky mas foi interessante conhecer esta fábrica.
» Fábrica de whisky
Vou acompanhando o rio Dee enquanto entro nas Grampian Mountains. É uma região muito bonita com os vales arredondados cobertos de erva muito verde. Não há muitas árvores.
Pensei em ficar por aqui mas não encontrei nem parque de campismo nem B&B. Tive de continuar e ir apreciando a paisagem nas calmas e sem grandes paragens pois não queria andar de noite. A passagem pelo Devil’s Elbow e logo a seguir o Glen Shee são espaços que deixam pena ter tão pouco tempo para tanta beleza.
Só em Pitlochry, arredores, encontro um parque e ainda por cima o mais caro até agora, 13.60£. Mas já estava a cair a noite!
Passei pela Queen’s View, realmente é uma vista magnífica sobre o Loch Tummel. Contornei este lago e em Aberfeldy fui visitar mais uma destilaria de whisky, a Dewar’s.
Continuei a descida pelo Loch Tay, agora com o objectivo de chegar a Edimburgo. Passei para a margem esquerda do rio Forth pois queria ir observar a Forth Bridge. É uma espectacular ponte ferroviária construída ainda no século XIX. Só foi pena estar em obras. Na ponte rodoviária sentia-se uma vibração forte quando passavam os camiões.
» Forth Bridge
Fiquei em Peebles, que é uma terra pequenina, pois a tarde já estava no fim e o parque até é jeitoso.
Nesta viagem, dentro do parque, caí pela primeira vez. Quando ia para a zona das tendas ao fazer uma curva o motor foi abaixo, pois ia muito devagar. De manhã, ainda no parque, foi outro tombo. Só que desta vez apenas a moto caiu. O vento não estava forte mas pode ter havido uma rajada e como a moto só tinha a mala do lado direito desequilibrou-se e tombou.
Tinha lido que por ali havia uns pontos com vistas interessantes pelo que segui pelo Tweed Valley até à Scott’s View. É um sítio em que o escritor, de Ivanhoe entre outros livros, Sir Walter Scott ia descansar e inspirar-se para as suas obras. Mais à frente estava imponente a estátua de William Wallace, herói escocês que lutou pela independência da Escócia.
Em Carlisle segui para a zona oeste, atravessei o Lake District National Park e desci por Windermere em direcção a Ripley, perto de Nottingham. Aqui havia o Horizons Unlimited Meeting, o encontro de viajantes onde queria participar.
Este fim-de-semana foi para descansar e ouvir umas histórias dos viajantes que têm andado por esse mundo fora, de moto. Estes encontros do Horizons Unlimited servem para conhecer muita gente e ouvir e ver apresentações de viagens que estas pessoas fazem por todo o mundo.
No domingo a seguir ao almoço, como não havia mais apresentações, segui para Epsom a sul de Londres. Fiz um pequeno desvio para ir ao Ace Café beber um copo e tirar uma foto com a moto à frente do café pois já lá tinha estado mas sem ser de moto.
» Ace Cafe London
Em Epsom fiquei em casa de um casal amigo que tinha conhecido quando estive aí a trabalhar no ano anterior. Aproveitei a segunda-feira para descansar e revisitar a cidade.
No dia seguinte começo o regresso a casa. Para vir por uma estrada diferente vou até Dover e atravesso para Calais. Ao entrar no porto deveria haver algum problema pois o barco esteve mais de uma hora parado à entrada. Quando saí para a estrada já era o início da tarde.
Fiquei antes de Le Mans e no dia seguinte continuei até casa.
Saí de manhã cedo e cheguei pelas duas da manhã.
- nestas quatro semanas andei cerca de 9.800 kms e gastei à volta de 1.500 euros (passagens de barco, gasolina, dormidas, comidas, visitas, tudo).
Espero que este relato ajude a confundir os possíveis destinos de férias!
Há sempre tempo para ir viajando, o que não se pode é adiar sempre.
A.Q
Bs.As., Março 2008