Agora, uma cronica sem fotos, para partilhar o "feeling" da viagem:
Dia 0 ( Paço de Arcos - Carregal do Sal )
Saímos por volta do meio-dia e entrámos pela A8 para almoçar em Obidos. Apanhámos uma ventania enorme, e foi dolorosa a viagem.
Chegados a Leiria, entrámos pela nacional e o vento desapareceu. Foi uma viagem bem porreira até ao Carregal do Sal.
Descanso em casa dos sogros.
Dia 1 (Carregal do Sal - Viseu - Vilar Formoso - Salamanca - Riano)
Chegámos a Viseu a tempo e horas (antes das 9 e meia) e já lá tava maior parte do pessoal. Uns já conheciamos as caras de outras andanças, outros eram uma autentica surpresa.
Eu conhecia apenas as "caras" pelas fotos do forum, pois nao conhecia niguem pessoalmente.
Finalmente, chegaram os ultimos e podemos partir: como adivinharam, os ultimos foram os que tavam mais perto. :-)
Viagem até à fronteira sem qualquer problema, uma paragem rápida para abastecer.
Na fronteira apanhámos o Barroso e fomos abastecer de novo nas terras espanholas.
Partida para Salamanca, sempre em estradas impecáveis.
Em Salamanca, evitámos o Mac Donalds e metemo-nos com pizzas congeladas e paelhas congeladas. Existiu quem voltasse ao Mac. :-)
Foi um almoço porreiro, e deu para irmos conhecendo melhor os companheiros de viagem.
Daqui seguimos e parámos para que a Guardia Civil pudesse fazer o gosto ao dedo com a bandeira portuguesa do Ground Zero.
Parámos um pouco antes da montanha, e até Riano.
A chegada a Riano foi das coisas mais bonitas de se ver. Aquela imensidão de agua (dá para ver nas fotos do hotel), mais aquelas casinhas tipicas da região, misturadas com a montanha, é uma coisa bem dificil de descrever.
Mas havia pressa por causa do jogo, e fomos meter as motas na garagem do hotel e ala para o jogo.
Vitória de Portugal, um jantar que não perguntem o que era a sopa, e toca a dormir.
[
Aqui tenho de abrir um parenteses pessoal: quando chequei à montanha, fiquei deveras à rasca com a estrada típica de montanha. Tenho a Varadero há muito pouco tempo, não conheço a mota, e a primeira vez que tinha andado com pendura e com aqueles malões tinha sido no dia anterior, e sempre em auto estrada. Não fiz as primeiras curvas com confiança, e transmiti esse pouco à vontade ao pendura. Quando cheguei a Riano estava mesmo preocupado comigo mesmo, pois reparei que tinha sido excesso de confiança atirar-me assim a esta aventura. A estrada de montanha tambem aparece depois de um porradal de horas em cima da mota, coisa que há uns bons anos que não fazia. A PDI também não ajuda. :-)
Na manhã de domingo, depois de dormir, já me meti nas curvas com mais à vontade, e a Lina tambem ficou mais confiante. Mas começou a chover, e numa curva iamos saindo pela outro lado da estrada, o que estragou tudo. O Syrius foi um tipo impecável, e ofereceu-se para levar a Lina, o que me ajudou imenso. Depois, com a mesma camaradagem, seguiu na minha frente indicando-me a melhor trajectoria para atacar as curvas. O Calmeida e o TRansalper fecharam a retaguarda na boa. Mas o certo é que o mal já tava feito, e eu tava mesmo cagado de medo. Cada curva era um suplicio, de combate ao medo. Durante a tarde foi bem melhor, pois deixei quer a Lina quer as malas no hotel, mas mesmo assim não atinava com nada: cada curva apertada, tinha que lutar com o subconsciente para me deitar ou para acelerar. Um suplicio. O estar num grupo de malta não ajuda nada: um tipo já tá f$% da vida por não atinar, e toda a gente quer ajudar, e um tipo não quer passar vergonhas...
Sendo assim, decidi deixar o grupo na segunda feira e rumar ao mar. Foi o melhor que fiz: ao sair do grupo, e poder fazer a merda toda sem estar preocupado, acabei por recuperar o controlo, perder o medo, descontrair, e aprender a lidar com a mota nova. Já não vendo a Varadero! E a Lina acabou por transformar uma viagem em que estava preocupada por cair, numa viagem de lazer e brincadeira.
Mas deixo aqui a razão de ter deixado o grupo - grupo EXCEPCIONAL, em que toda a malta era 5 estrelas - e ter feito o resto da viagem sozinho.
]
Dia 2 (Riano - Cangas)
Durante a manha, atravessámos a montanha, com um saltinho a um local que não me recordo do nome. A paisagem era fenomenal. Fizemos n paragens, algumas até separadas poucos km's, só para disfrutar daquele ambiente.
Parámos antes de Cangas num sitio engraçado e decidimos almoçar por ali. Foi porreiro, pois alem das pizzas e paelhas congeladas tinham umas boas sandoscas.
Alguns ainda foram montanha adentro, a pé, outros ficaram a pintar as unhas, outros apenas a disfrutar o local.
Depois do almoço, fizemos o check in no hotel, e seguimos para Covadongas: as fotos falam sobre este local.
O mais engraçado é que quando nos dizem que há vacas no meio da estrada nõs s´+o acreditamos quando lá estamos: além de estarem no meio, estão nas bermas, nas encostas, all over the place. Houve alturas que pensei "olha se não é vaca e é boi, e eu tenho uma mota vermelha..." Nos lagos, tava um frio do caraças, e houve quem se aventurasse por aqueles verdes prados. O Syrius até visitou uma velha mina.
Acabámos o dia com um excelente jantar em Cangas, a provar a Sidra, e num barzinho em alegre cavaqueira.
Dia 3 ( Cangas - Portugal)
Despedi-me do grupo de manhã, passeámos por Cangas de manhã, e perto do meio dia rumei a norte.
A paragem foi em Ribadesella: parece que as montanhas desaguam aqui, e encontram o mar.
Vale a pena, em viagens futuras aos picos, ir de cangas aqui só para conhecer esta parte.
Daí segui sempre junto ao mar, direcção Leon, até que entrei numa coisa a que eles chamam "Auto estrada de Alta Montanha".
Aquilo seguia pelo topo da montanha, a velocidade máxima era de 90, e havia tuneis por todo o lado. Frio, frio, frio: parámos para beber um café, abro o capacete e salta um bloco de gelo para o chão!
Foi duro, foi realmente duro passar aquela auto estrada, e nem vimos mais nenhumas motas. Nem carros se via muitos, que devem preferir ir de volta - uns poucos km's a mais, mas nada que se compare a isto.
O resto do caminho até Leon fez-se debaixo de uma chuvinha, e o vento apertou à chegada a Leon.
Aí almoçámos meio lanche, e demos uma volta pelo centro da cidade. Não é nada de especial, a cidade.
Seguimos depois para Bragança, ond eentrámos por cima, por Calabor/Portelo/França. Uma estradinha muito engraçada, no meio da Serra (nesta altura, já andava a curtir as curvas!)
Bragança jantámos, já com muitos km's em cima.
A Lina encontrou um sítio porreio perto de Macedo de Cavaleiros para dormir, e lá fomos.
Aqui foi um fim do dia excelente: eram umas 10 e meia da noite quando saímos de Bragança, e a IP2 foi feita apenas com os farois da varadero. Graças a deus não são os da Transalp! A TA tinha mesmo má luz.
Antes de Macedo começa a chover a valer. Em Macedo o vento juntou-se à chuva. E dentro de Macedo, obras na estrada! Quando entrámos na serra de bornes a chuva foi uma constante, e foi bem engraçado fazer a serra de noite.
Nessa altura eu a Lina rebentámos à gargalhada: mesmo a tempo de apanhar um sacana de um cão que teimou em nos perseguir.
Finalmente, parámos num cafezinho que nos indicou onde era o Turismo de Habitação: no cimo de uma ruazinha bem ingreme, com uns paralelipedos bem polidos, e bem molhados!
Mas o sitio onde ficámos é 5 estrelas. Tenho de vos deixar as referencias, quando descobrir o cartão daquilo. :-)
Dia 4 (Macedo de Cavaleiros - Foz Coa - Vila Flor - Carregal do Sal)
Aproveitámos o dia para viajar nas calmas, dando um salto a Foz Coa e a Vila Flor.
Vila Flor é uma decepção, não tem nada para se ver, mas a viagem é toda feita em serra com barragens: bem bonito.
Uma senhora simpática num restaurante a meio da estrada serviu-nos uns belos bitoques às 4 da tarde.
A viagem terminou em casa dos sogros, com uma bela entremeada no carvão.
Dia 5 ( Carregal do Sal - Viseu - Carregal do Sal )
A Lina roubou o carro ao pai e fomos festejar um aniversário ali a Viseu. :-)
Dia 6 (Carregal do Sal - Paço de Arcos)
Foi o pior dia de viagem. O calor era intenso, e viemos ao fim da manhã.
Apanhámos a autoestrada fechada devido a um acidente, e foi dificil com aqueles maloes ultrapassar os carros na nacional.
Quando chegamos estavamos bem desidratados e bem cansados do calor.
É muito pior andar de mota com calor que com frio.
E pronto. Cá tá a odisseia.
Tenho mesmo de mandar um grande abraço aqui do Casal Anjos para todos os que partilharam estes momentos.
Foi mesmo impecável em tudo: na viagem, na camaradagem, no espirito.
Venham mais viagens, que lá estaremos !
Artur (& Lina)